segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Resquícios de infância feliz

Sou nascida e criada em uma pequena e pacata cidade do interior paulista, Ilha Solteira. Apesar da brincadeira de todos, sim, Ilha está no mapa, as pessoas lá já se comunicam pela internet e a Coca-Cola não é mais novidade.

Mas, não é da minha cidade que vim falar, e sim da minha infância nela.
Fui criada pelos meus avós e sobre os caprichos de minha tia. A casa era humilde mas muito acolhedora. Morrávamos no passeio Cristalina, na casa 510, na área verde.

Isso quer dizer que bem em frente a minha casa tinha um enorme campinho. Tinha do verbo ainda tem, ele não mudou de lugar depois que me mudei para a casa que hoje minha vó mora com minha tia. Eu já não moro mais lá, mas isso fica pra depois.

Bom, na minha rua tinham várias crianças. Tinham mesmo e eu era a única menina que brincava em meio aos cinco meninos e seus amigos mais chegados. Andei de carrinho rolemã, joguei bete e ensinei o meu amigo de infância, Henrique, o Iti, a andar de biciclata.

Brincávamos de tudo, até bolinha de gude tive que aprender a brincar para não ser excluida da turma.

Em dias de chuva brincava na correnteza que se formava na rua e também de barro. Quase nunca brincava de casinha e comidinha, não tinha meninas para brincar comigo. Quando dava juntava os meninos em frente de casa e brincava de esconde-esconde.

A diversão era total. Na escola brincávamos de pular corda, guarda-caixão, bola queimada e câmbio, que é uma espécie de vôlei.
E tinham também as musiquinhas que adorávamos cantar na hora do recreio, como "tumba la catumba tumba tá". Alguém se lembra da dança das cadeiras?

E ainda tinham os doces. Pirulito Zorro, de doce de leite, adoro.
As pipocas doces industrializadas. Parceiam isopor, mas eram muito boas.
Algodão doce, maça do amor.

Será que alguém aceitaria o meu convite de, já quase nos 30 anos, brincar a noite toda de esconde-esconde? De gato-mia? De Rei Ladrão Polícia e Capitão?

Quem sabe riscar o chão da rua em que moramos hoje para pular amarelinha até as pernas começarem a tremer?
Ou então até a barriga começar a doer de tanto rir?

Que atire para cima o primeiro saquinho de areia quem nunca furou os dedos costurando vários saquinhos coloridos para brincar com os amigos. Tenho muitas saudade do que foi bom. E a minha infância foi assim. Saudades dos amigos que já não vejo e nem converso mais. Das brincadeiras na rua, da ingênuidade que só essa época nos permite ter.

Quem sabe um dia eu consiga juntar uma turma que ainda tem dentro de sí uma criança escondida e mate essa saudade.
Atá lá, fico nas recordações boas.

#Bjo_fui