terça-feira, 19 de março de 2013

Resquício de 1 mês.

Um mês. Hoje se completam exatos trinta dias. Ou seriam setenta e cinco?

Um mês de silêncio. Trinta dias sem uma palavra sequer. Setenta e cinco dias mergulhada no mais absoluto vácuo. Isso por minha causa.
 
Silêncio esse recheado de cores, dores e um único amor. Um silêncio teimoso, que não quer calar, que de tão tolo grita dentro de mim, mas que não é ouvido por ninguém. Não pode ser ouvido.


Um silêncio traduzido em cores. Cores de tons fortes, que pulsam, que queimam. Vermelhos. Que fazem um perfeito contraste com o branco da pureza que nele existia. Não, não existe mais.
Mas nem tudo que existia ali se foi.

Ainda sobram as dores. Elas são as únicas que teimam em contrariar as regras e fogem do silêncio. Do silêncio escapam com os gemidos contraditórios, ora de dor, ora de alívio. O soluçar do choro faz companhia as respirações ofegantes e ao riso descontrolado, que tenta disfarçar enlouquecidamente a lágrima que escorre pelo rosto já sem o sofro de vida.

E as dores da alma? Essas não falam. Essas não tentam fugir. Essas apenas sussuram. Além disso elas ainda martelam o corpo já fadigado. Uma briga em vão, mal percebem elas que eu já me dei por vencida.

O amor. Ah, o amor. Seria esse o único e verdadeiro amor que conheceria em minha vida? Um amor que vem de dentro. Que é verdadeiro apenas por existir. Sim, seria e não será mais. Existiria. Com ele eu também acabei. Sim, eu acabei.

Um mês.

Trinta dias. Se somadas temos setecentas e vinte horas do mais vil arrependimento. Arrependimento esse que vem acompanhado de tantos outros sentimentos e que misturados a todos os hormônios possíveis, e desconhecidos, transformam tudo.

Os sentidos se perdem. O que era certo nunca foi. E o errado? Esse sempre se atribui a mim.
E você? Peça extremamente fundamental para o começo de tudo se encontra apenas no meio para o fim. Sim, é no meio para o fim.

Trinta dias.

A soma exata do meu suplício. Que por definição de Michaelis significa, além de outras coisas: grande sofrimento moral; aflição intensa e prolongada. Sofrimento cruel; grande tormento.

Setenta e cinco.

Por mais que seja extenso. Por mais que seja duas vezes e meia maior que o primeiro período. Por mais que fosse só. Por mais que fosse apenas. Por mais que fosse egoísmo, loucura. Por mais que fosse... deveria ser.
Ser só. Apenas ser. Ser... e não era.

Era tudo meu, do corpo à alma.
Tudo meu, desde a decisão do sim à renúncia do não.
Era. Foi. Deixou de ser.
Passado.
Isso por que resolvi incluir, em uma linha deste texto, você.

Você que só estrelou por cinco dias, cento e vinte horas e nenhum, minuto a mais. Nenhum segundo a menos. Você que "transformou" o meu céu azul e um mar vermelho sem fim.

Você, que se somado a mim, não é nada. Eu, que quando somada a você, era isso.
E eis que voltamos ao era.

Foram quarenta e cinco dias.
Se foram mais trinta dias.
Ao todo setenta e cinco.
Para mim os quarenta e cinco primeiros foram divinos. Mesmo sem saber. Compreender. Querer. Ser.
Os trinta que se seguiram foram, e sei que continuaram sendo, vazios.

Pra você? Tudo se resume a nada. Assim você foi, assim você é, assim você será.
Nada.

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